A voz do Nordeste: o protagonismo de Pedro Higor na comunicação jovem
- ruthycosta

- 13 de nov.
- 3 min de leitura
Por Ana Bárbara e Maria Eduarda

O Nordeste vem ganhando destaque na comunicação e na produção acadêmica por meio de jovens talentosos e dedicados. Entre eles está Pedro Higor, de 18 anos, estudante de Jornalismo do Instituto Raimundo Sá, que representou o Piauí na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (Expocom) 2025, com o curta A Encomenda, obra que valoriza a oralidade e combate estereótipos sobre o Nordeste. Nesta entrevista, ele fala sobre sua trajetória, desafios e o orgulho de ser nordestino.
Maria Eduarda: Pedro, pra começar, conta um pouco sobre você. Onde nasceu, cresceu e como começou o interesse pela comunicação?
Pedro Higor: Tenho 18 anos, nasci em Brasília, mas cresci em Oeiras, onde minha família tem raízes. Desde pequeno, gosto de ouvir e contar histórias. Com o tempo, passei a admirar jornalistas da TV e percebi o impacto social da profissão foi aí que decidi cursar Jornalismo.
Ana Bárbara: Seu nome e o de seus colegas e professores foi mencionado como o melhor trabalho na categoria Projeto Transdisciplinar, Projeto de Extensão da Expocom. A vitória na etapa nordeste garantiu que vocês chegassem a etapa nacional. O que mais te orgulha em ser nordestino?
Pedro Higor: Com certeza, nossa cultura e nossa história. Nosso projeto surgiu da vontade de mostrar que o Nordeste vai muito além da seca e da miséria. Aqui tem cultura, resistência e diversidade. É um orgulho enorme poder mostrar essa força.
“O Nordeste não é só seca, fome e miséria. Aqui existe cultura, resistência e muita diversidade.” Pedro Higor
Maria Eduarda: O caminho até a universidade foi fácil?
Pedro Higor: Nada fácil. Estudei em escola pública e enfrentei muitas dificuldades financeiras. Em Oeiras, não havia muitas opções de curso, então precisei me esforçar pra passar no vestibular e sair da cidade. Venho de uma família simples, sem parentes com ensino superior, mas isso me motivou ainda mais. Cada conquista foi um passo importante.
Ana Bárbara: Você acha que o jovem nordestino precisa lutar mais pra conquistar espaço?
Pedro Higor: Sim, precisa. A desigualdade e a falta de oportunidades exigem muito esforço e persistência. Nem todos têm apoio familiar ou estrutura e isso torna o caminho mais difícil. É preciso força de vontade dobrada pra conseguir chegar lá.
Maria Eduarda: Que valor do povo nordestino você mais leva consigo?
Pedro Higor: A valorização do local e das nossas raízes. Acredito que devemos mostrar com orgulho quem somos — nossa cultura, gastronomia, música, diversidade e história. Levo comigo essa força e coragem do povo nordestino.
Ana Bárbara: Como enxerga a forma que a mídia retrata o Nordeste hoje?
Pedro Higor: Ainda de forma limitada e estereotipada. Mostram um Nordeste pobre, árido e sem oportunidades. Precisamos mudar essa visão mostrando nosso verdadeiro potencial, nossa cultura viva e nossa modernidade.
Maria Eduarda: Como combater esses estereótipos?
Pedro Higor: Produzindo nossa própria narrativa. Precisamos mostrar nossas cidades, tradições, arte e tecnologia. Quando o próprio nordestino conta sua história, ele quebra o preconceito e mostra a verdade sobre sua terra.
Ana Bárbara: O que te motivou a participar do INTERCOM?
Pedro Higor: A oportunidade veio dos professores. Criamos curtas-metragens sobre o Nordeste e a forma como ele é visto. O meu grupo produziu A Encomenda.
Maria Eduarda: E qual é o tema do curta A Encomenda?
Pedro Higor: O rádio e a oralidade. A história mostra uma jovem que ouve a voz da avó falecida por meio de um rádio antigo. É sobre memória, afeto e continuidade das histórias.
Ana Bárbara: Como foi ter o trabalho aceito em um evento tão grande?
Pedro Higor: Inesquecível! Ver nosso esforço reconhecido foi muito emocionante. E ainda foi minha primeira viagem de avião (risos). Representar o Piauí e o Nordeste foi uma alegria imensa.
Maria Eduarda: Você acha que o INTERCOM valoriza o trabalho nordestino?
Pedro Higor: Sim, dá visibilidade e mostra que temos potencial pra competir com qualquer região. Vi muitos trabalhos incríveis de outros estados do Nordeste sendo reconhecidos. É um incentivo enorme.
Ana Bárbara: O que significa, pessoalmente, representar o Piauí e o Nordeste nesse evento?
Pedro Higor: É realização e orgulho. Representar minha região é mostrar que o Nordeste tem talento, criatividade e capacidade. Isso inspira outros jovens e fortalece nossa visibilidade.
Maria Eduarda: O evento ajuda a fortalecer a juventude nordestina na comunicação?
Pedro Higor: Sem dúvida. O INTERCOM oferece espaço, aprendizado e troca de experiências. É um ambiente que estimula a criação, o protagonismo e a representatividade.
Ana Bárbara: Quais aprendizados você leva dessa experiência?
Pedro Higor: Aprendi o valor do trabalho em equipe, da persistência e da prática. Cresci pessoal e profissionalmente, coloquei em prática o que aprendi e entendi que com organização e dedicação, é possível chegar longe.



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