“Só queria saber o meu ofício a mais. Transmitir, direcionar, trazer algo melhor para alguém”: Laéssio Aragão e os caminhos que lhe levaram à UESPI
- JOAO MIKAEL DOS SANTOS LOPES
- 2 de abr.
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de abr.

Por Adriana Reis e Adão Matos
“Quando o último trem parte da estação, ele carrega mais do que passageiros; leva consigo fragmentos de vidas inteiras”, o trecho de O último trem de Cineas Santos nos faz lembrar a trajetória de Laéssio Aragão, técnico administrativo da Uespi de Picos que tem a instituição como lugar de trabalho, mas também de vida.
Filho de um pai comerciante e de uma mãe professora, Laéssio nos contou um pouco sobre sua trajetória até chegar à UESPI. A trajetória educacional e os trabalhos foram os pontos que ele escolheu lembrar. Laéssio Fez seu ensino fundamental e médio no Instituto Monsenhor Hipólito (IMH), escola picoense fundada por religiosos durante o Estado Novo, em 1944 .
A correria da vida fez com que o ingresso à universidade não fosse para Laéssio uma sequência, após o término do ensino médio, antes de entrar para a faculdade [ como tem virado “regra” para alguns], Laéssio trabalhou na iniciativa privada de 1998 até meados de 2000. Não tardou para que em 2004, após retomar estudos, ingressasse no curso de Letras Português, no campus que, futuramente, virou seu local de trabalho. Como não dá para controlar os ciclos, Laéssio optou por uma modalidade de transferência de campus e concluiu o curso em 2009, na capital.
Nesse mesmo ano, voltou para Picos, onde alternou entre trabalhos e cursos, mas a Uespi sempre em sua rota. Em 2013, a casa que lhe deu o título de bacharel em letras tornou-se também seu local de trabalho. Desta vez, em outro campus. Laéssio começou a trabalhar no Campus Possêidonio Queiroz, em Oeiras, permanecendo lá por quase três anos. Depois, transferiu-se para o Campus Professor Barros Araújo, onde atua como Técnico Administrativo, desde então.
Ao ser questionado sobre suas memórias com os outros funcionários, ele explicou que conheceu tanto funcionários temporários quanto efetivos. Entre eles, alguns ainda trabalham até hoje. Emocionado ele diz que sua melhor memória é estar aqui (na UESPI), sorrindo e tratando todos bem.
“Eu sou pago por vocês. Meu prazer é servir, ser atencioso. Se você precisar de alguma coisa e eu puder fazer, eu faço. Acho que meu prazer sempre foi esse. O meu maior amor que eu tenho aqui foi desde quando eu comecei. Aqui eu encontrei pessoas que fazem parte da minha vida (apontando para as mesas dos professores Janaína Alvarenga e Luciano Figueiredo, ele começou a se emocionar), que sempre me incentivaram, sempre estão na minha caminhada. É muito bom trabalhar aqui. Eu agradeço muito a Deus”, reforça o técnico.
“Eu sou pago por vocês. Meu prazer é servir, ser atencioso. Se você precisar de alguma coisa e eu puder fazer, eu faço. Acho que meu prazer sempre foi esse”.
Além de ser atencioso com os funcionários, quem circula pelos corredores da UESPI frequentemente vê Laéssio brincando com algum animal. Animais domésticos como gato e cachorro, frequentemente, são abandonados em campi universitários, embora a legislação brasileira considere a prática um crime. Ele menciona que os animais são seres que foram deixados e não têm culpa de onde estão, pensam e têm sentimentos como nós.
“Eu não sou muito meloso com animal, não (brinca ele), mas eu gosto muito deles. Eu acho que eles gostam muito de mim. Não vou chutar, não vou bater, porque, se eles não fariam isso comigo, então por que eu ia fazer com eles? Minha relação com animais é de cordialidade, sentimentos, respeito, afeto”, destaca Laéssio.
O técnico acredita que entre as memórias mais fortes que marcaram muitos funcionários estão as greves e manifestações, que simbolizaram as lutas e reivindicações por melhores condições de trabalho, assim como as feiras e simpósios, eventos nos quais eles atuaram ativamente.
Laéssio finaliza nos contando que se sente feliz e podemos acrescentar que está realizado.
“Poderia ter feito mais? Poderia! Meus pais sempre dizem: meu filho, estuda para ser um advogado, para ser um médico, porque ser servidor público, não vou dizer que é ruim, porque tem muita situação pior do que a nossa (mas é difícil). [...] Só queria saber o meu ofício a mais. Transmitir, direcionar, trazer algo melhor para alguém. Passar um pouco do que eu aprendi e aprendo todos os dias para as pessoas”, destaca o profissional.
Hoje, Laéssio mantém mais um vínculo com a UESPI, cursa o Mestrado interdisciplinar em sociedade e cultura. A instituição que ele trabalha é também o lugar que ele escolheu para investir na qualificação e continuar sonhos que talvez foram adiados.
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