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PROJETO MARCELIN’US: união e esperança no dia das crianças

Por Vanessa Cristina Alencar, aluna do 3° período de jornalismo pela UESPI, Picos


No pequeno assentamento de Passagem Franca do Piauí, o dia das crianças ganhou um novo significado. O que antes eram brincadeiras com premiações simples - como refrigerante e dindin (picolé de suco de frutas servido num saquinho de plástico comprido e estreito) - se tornou um evento que carrega sorrisos, união e transformação para toda a comunidade.


Reprodução: Marcelin’us, 2019.
Reprodução: Marcelin’us, 2019.











A origem do projeto Marcelin’us

No campo de futebol da comunidade Goiabeira, Marcelo Filho observa com as mãos na cintura, crianças correrem com cavalinhos de pau improvisados, enquanto a torcida e as risadas de toda a comunidade ecoam ao fundo. 


Reprodução: Marcelin’us, 2024.
Reprodução: Marcelin’us, 2024.

 

O projeto Marcelin’us nasceu de lembranças da infância de Marcelo, em Passagem Franca, e carrega o nome do seu pai. Ele se inspirou em corridas com cavalos de carnaúba onde as premiações eram mamões e cana-de-açúcar.


Em um dia das crianças sem programação, no ano de 2018, surgiu a ideia de resgatar essas brincadeiras com premiações simples, como refrigerante e dindins. Marcelo relata que não foi difícil organizar as primeiras edições.








 “Aqui (Goiabeira) tem muitas pessoas que ajudam a organizar, pessoas que ajudam muito. E os recursos são as pessoas que doam também: cinco, dez, vinte reais, de quantidade pequena.” explica. 

Assim, com a ajuda da comunidade, Marcelo conseguiu ver a alegria no rosto das crianças com premiações simples. Foi assim que a primeira edição do que hoje é o projeto Marcelin’us ganhou vida.


O crescimento do Marcelin’us

O projeto inicial ganhou força com o apoio da família. Quando Domingas Santos, irmã  de Marcelo, viu todo o esforço de seu irmão em deixar as crianças felizes, relembrou memórias de sua infância, quando foi ajudada por pessoas que tinham a mesma vontade. 


“Na minha infância, uma senhora enchia a carroceria do carro e ia deixar presentes na comunidade. Eu lembro que eu amava, me arrumava pra ir receber”, lembra. 


A atitude de Marcelo a incentivou no ano seguinte na busca por patrocínio para que as crianças sentissem a mesma sensação que ela havia sentido um dia. Ela afirma que fez isso sem muita expectativa, mas que o valor arrecadado a surpreendeu. 


A programação, que antes durava apenas algumas horas, atualmente ocupa um dia inteiro, com uma variedade de atividades, incluindo corrida de pedestre, pau-na-lata, torneio de baladeira, e a tradicional corrida de cavalo de pau, que segundo Domingas afirma ser a melhor atração. O evento segue até a noite com gincanas, lanches e a entrega de brinquedos. Atualmente, cerca de 15 voluntários se dedicam à organização de toda a programação, como Domingas afirma.


Tradicional corrida de cavalo de pau. Reprodução: Marcelin’us, 2019.
Tradicional corrida de cavalo de pau. Reprodução: Marcelin’us, 2019.

“Cada um tem um talento diferente, cozinha, anima, organiza… É uma equipe completa e não falta nada”.


Voluntários do projeto Marcelin’us. Reprodução: Marcelin’us, 2023.
Voluntários do projeto Marcelin’us. Reprodução: Marcelin’us, 2023.















O impacto na comunidade

A festa das crianças vai muito além das atividades e brincadeiras. Para os voluntários, é uma oportunidade de devolver o que já receberam. Já aos pais, a chance de proporcionar um momento inesquecível aos filhos. E às crianças, um dia especial, onde risos e alegria preenche toda a comunidade.


Cada pessoa envolvida carrega uma história e um sentimento único sobre o projeto Marcelin’us. Andersson Santos, voluntário desde sua fundação em 2019, afirma que a principal motivação é o sorriso no rosto de cada criança e o abraço sincero em forma de agradecimento que o impulsiona.


O voluntário relembra não apenas o agradecimento das crianças, mas também dos pais, que sempre manifestam palavras de carinho e apoio por estarem fazendo algo por seus filhos.



Sophia e Paôla na oficina de pintura no rosto. Reprodução: Marcelin’us, 2021.
Sophia e Paôla na oficina de pintura no rosto. Reprodução: Marcelin’us, 2021.

Para André Pereira, pai de Sophia Kauany, de 9 anos, e também contribuinte, o projeto tem bastante importância ao ver a felicidade no rosto de sua filha e afirma que consegue perceber a felicidade dela mesmo antes das brincadeiras começarem, demonstrada pela ansiedade e os comentários com os colegas. como também durante a festa com as brincadeiras, e que percebe a felicidade não apenas dela como dos outros colegas.


Sophia nos conta que o momento mais divertido para  ela é quando as brincadeiras começam e relembra, com carinho, um momento em que se sentiu especial,

“O momento do desfile quando eu estava desfilando eu me senti especial”, afirma. 


André acredita que a comemoração faz com que as crianças se sintam valorizadas e que elas percebem isso. 


“Porque é uma festa que também gera aprendizado, e boas lembranças vão sendo plantadas na memória deles, e pode influenciar bastante no futuro”, aponta o pai. 

Andersson compartilha da mesma visão, destacando o impacto do projeto tanto na família em saber que seus filhos estão sendo lembrados. Como para as crianças, que guardarão essas lembranças com carinho.


“Memórias que futuramente irá fazer eles lembrarem de cada momento, e poder dizer que tiveram momentos felizes e de brincadeiras na sua infância”, conta. 

O futuro do projeto

Marcelo ao falar do projeto demonstra todo o amor e a esperança em que deposita no futuro de Marcelin’us, 


“Gostaria que não deixasse o projeto morrer. E as crianças de hoje são os adultos de amanhã, né? E eles continuassem o projeto, passando de geração em geração”. 

Ainda ao falar sobre o futuro, Marcelo possui esperança do projeto crescer cada vez mais, pois começou com uma simples ideia e, atualmente, obtém uma ampla programação. Reforçando todo o investimento que recebe,


“Já tem muito investimento nas crianças, graças a Deus nossa comunidade é bem ativa, todo mundo ajuda”, conta. 


Atualmente, o projeto é sustentado com doações de empresas, pequenos empresários e moradores locais. 


Domingas também sonha com o futuro de Marcelin’us, ela espera que o projeto possa beneficiar pelo menos outras quatro comunidades.


“Esse ano já entregamos em duas, então a meta não está tão longe”, afirma.


O projeto, que inicialmente beneficiava cerca de 25 crianças em 2019, alcançou 70 crianças em 2024, representando um crescimento de 180%.


Para Andersson o futuro do evento tem bastante potencial, pois deseja ver o projeto muito maior e com uma melhor estrutura dentro do que oferece atualmente, com a intenção de levar ainda mais alegria para essas crianças que sonham e esperam ansiosamente por esse dia. O voluntário também sonha que o evento se torne uma grande tradição, para continuarem fazendo o que mais importa para esses voluntários.




Reprodução: Marcelin’us, 2023.
Reprodução: Marcelin’us, 2023.

“Trazer a alegria para cada rosto infantil, não só as crianças mais de todos aqueles que participam e nos apoiam nessa caminhada que só cresce a cada dia”, relembra o voluntário. 


 
 
 

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