top of page

Capital do mel: Picos é a segunda maior produtora de mel no Piauí


ree
Foto: Governo do Estado do Piauí.

Por Eduardo Martins, Maissa Stefany e Maria Rita:


As abelhas são essenciais para a biodiversidade. Segundo dados recentes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), com a polinização cerca de 87% das plantas com flores e 75% das principais culturas alimentares, garantem a sobrevivência de ecossistemas e a segurança alimentar global. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de mel no Piauí deu um salto de 1.563 toneladas, em 2012, para 8.321 toneladas em 2022. 


A cidade de Picos é a segunda maior produtora de mel do Piauí perdendo apenas para a cidade de São Raimundo Nonato. No entanto, mesmo com a produção de mel avançando de maneira positiva, há alguns desafios enfrentados pelos apicultores para manter o cuidado com as abelhas que são a principal fonte para produção.


O biólogo e professor da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Fábio Vieira, explica um pouco sobre a linhagem de abelhas na região de Picos.

“Hoje muitos apicultores trabalham com duas linhagens de abelhas, abelhas sem ferrão, que são as abelhas nativas e tem as abelhas africanizadas, que é a abelha africana ou italiana, com ferrão”, afirma o professor.

ree
Fábio Vieira: Professor Dr. do curso de Biologia (UESPI). Foto: Maissa Stefany

De acordo com o professor, um dos maiores desafios que a região de Picos enfrenta para criar abelhas é o calor excessivo. A cada ano, o clima seco aumenta nas regiões do semiárido, fazendo com que as abelhas procurem outros lugares com mais água e plantas.


“Essas abelhas, durante um período, afugentam da nossa região do semiárido. Nós temos o problema da seca, quando há o problema da seca, há o afugentamento das abelhas, as colmeias se esvaziam porque elas migram atrás de recursos. Os apicultores vão com esses enxames para outros locais que possam haver mais recursos, disponibilidade de água, tendo disponibilidade de vegetação e de flores para as abelhas capturarem o seu recurso”, enfatiza o biólogo.

 

Além da seca, a região de Picos enfrenta sérios problemas como a poluição por agrotóxicos. A contaminação das águas, dos solos e do ambiente por esses produtos têm causado a extinção das abelhas. As principais ameaças incluem o uso excessivo de pesticidas, a perda de habitat pela urbanização e desmatamento, doenças e parasitas, e as mudanças climáticas, que afetam as abelhas nas regiões semiáridas.


ree
Foto: Google Imagens


Fábio ainda destaca que no atual cenário, tudo que os seres humanos possuem em termo de alimentação são provenientes das plantas: “Até mesmo a carne animal, nós necessitamos das plantas para obter a carne animal, porque a partir das plantas o animal vai obter nutrientes para manter-se fortificado para podermos nos alimentar da sua carne”. Ele ainda ressalta sobre o papel ecológico que as abelhas desempenham no meio ambiente.

 “elas são agentes polinizadores, vão coletando e fazendo esse processo de polinização, e isso é importante para a planta porque há uma variabilidade genética dentro de uma mesma espécie. As abelhas vão ter uma suscetibilidade menor de ter doença, além da produção de mel, que é usado na alimentação e na medicina, a polinização feita pelas abelhas ajuda as flores a produzirem frutos e sementes. Cerca de um terço dos alimentos que comemos todos os dias, dependem desse processo”, destaca o professor.

Na cidade de Picos, a bióloga e professora Polyhanna Gomes, desenvolveu um projeto relacionado às abelhas, que consistia num experimento de observância.


ree
Polyhanna Gomes: Professora de Biologia. Foto: Arquivo pessoal

"O projeto que participei sobre as abelhas foi há bastante tempo, mas era um projeto que todos nós envolvidos estávamos interessados em melhorar a produtividade de 4 espécies de plantas, com importância econômica que eram: a aceroleira, a mangaba, que é uma planta que produz um fruto que não é muito comum na nossa região, o quiabo e a graviola, que é uma planta próxima a ata (pinha ou fruta do conde) que é da mesma família”, declara a professora.

Durante o projeto, a professora esclarece que o intuito era ver quais eram os animais que visitam aquelas plantas.

“Eles queriam ver quem faziam a polinização, quais levavam os grãos de pólen de uma planta a outra e algumas dessas plantas, como por exemplo, a aceroleira. Foi observado que ela precisava muito das abelhas, só que aceroleira não floresce o ano inteiro, mesmo em situações de rega. E no período em que a planta de importância econômica não estava florescendo, que é aceroleira, as abelhas precisam de recursos para estarem ali e não abandonarem aquele local e quando não encontram, acontece sua migração de um lugar para outro", relata a professora.

A bióloga também destacou sobre a importância das abelhas para o ecossistema, ressaltando o quanto o uso inadequado de inseticidas pode afetar o sistema fisiológico das mesmas.

“Para evitar a extinção das abelhas e evitar o desaparecimento delas, a gente tem que ter formas de manejar o ecossistema e deixá-lo mais sustentável. Por exemplo, em 2020, quando estourou a pandemia, também apareceu um problema lá no Sul do Brasil, que foi a nuvem de gafanhotos que destruiu várias plantações, porque eles são herbívoros. O surgimento daquela nuvem de gafanhotos é resultado das mudanças climáticas que nós humanos estamos acelerando no planeta, então a culpa é nossa. A primeira atitude que os gestores ambientais  daquela época fizeram foi colocar inseticidas em todas essas plantações afetadas pelos gafanhotos”, observou a mesma.

ree
Foto: Globo.com

O uso de inseticidas e pesticidas é crucial para o controle de pragas na agricultura, mas seu manuseio inadequado pode ter graves consequências para as abelhas, que são polinizadores essenciais. Quando os inseticidas e pesticidas são aplicados de forma indiscriminada ou em excesso, eles podem contaminar flores e plantas, envenenando as abelhas que os visitam.  Polyhanna finaliza sua fala explicando um pouco sobre essas consequências: “Inseticidas agem nos insetos fechando os espiráculos traqueais que são os buraquinhos que eles têm no abdômen, por onde eles respiram, os espiráculos dos gafanhotos e das abelhas, são os mesmos. É o mesmo mecanismo fisiológico. O grande problema foi a diminuição da produção de várias culturas, fizeram a gestão ambiental incorreta, ocasionando a extinção tanto dos gafanhotos como das abelhas. Podem sim continuar plantando, agricultores e pecuaristas, mas sem degradar tanto o meio ambiente. Sem destruir a vegetação. Saber manejar o uso de inseticidas, para não acontecer como o caso que citei e não matarem ou expulsarem as abelhas dos seu habitat natural”, afirma a professora. Além disso, a exposição a esses químicos pode enfraquecer as colônias de abelhas, reduzir sua capacidade de reprodução e, em casos extremos, levar à morte massiva das colônias.


Lucas Martins Oliveira, aluno de Biologia da UESPI, também relatou um pouco da importância das abelhas. “As abelhas ajudam no meio ambiente na proliferação de plantas para que a natureza se mantenha viva, na evolução e distribuição de pólen e na produção de alimentos”, disse o aluno.


ree
Lucas Martins, aluno de Biologia. Foto: Arquivo pessoal

Para finalizar sua fala, o aluno cita algumas formas de impedir a extinção das abelhas “Seria necessário, evitar o uso de pesticidas que afetem esses animais, criar programas de proteção a áreas onde as abelhas habitam. Os criadores de mel, se as criarem da forma correta, ajudam a evitar também a extinção, aprimorando o cuidado com o meio ambiente para não degradar o habitat delas, e a plantação de espécies vegetais da qual elas se alimentam e recolhem o pólen para produzir o mel”, declara o estudante. 




Estudo sobre abelhas desenvolvido na UFPI de Picos

Um Grupo de Estudos sobre Abelhas do Semiárido Piauiense (GEASPI/UFPI) realiza ações de extensão sobre educação ambiental, capacitação de apicultores e estudos sobre abelhas no município. Sob coordenação da professora Juliana do Nascimento Bendini, o grupo está lotado no Campus Senador Helvídio Nunes de Barros da Universidade Federal do Piauí (UFPI). 


ree
Coordenadora do GEASPI/UFPI, Juliana Bendini. Foto: ufpi.br

As pesquisas consistem também na análise da origem botânica do mel produzido por apicultores da área de abrangência de importantes cooperativas da região de Picos. O grupo estuda as estratégias de manutenção dos enxames de abelhas Apis Mellifera durante o período seco, por meio de uma parceria com os apicultores da região que enviam amostras do mel, para serem examinados e analisados pelo grupo, que também recebe visitas de crianças para que conheçam a abrangência e a diversidade dessas abelhas. 


ree
Foto: ufpi.br


1 comentário


Maria Rita Aguiar
Maria Rita Aguiar
30 de mai. de 2024

😍🍯🐝

Curtir
bottom of page